Brasil bicampeão: 1958/1962

Salve salve galera que nos acompanha aqui no blog, estamos de volta com mais um post, contando um pouco da história das Copas do Mundo. E se na terça-feira trouxemos a Itália que havia sido a primeira equipe a conquistar a Copa por duas vezes seguidas, hoje é dia de trazermos a segunda (e última) equipe a conseguir tal feito: venha comigo, no caminho eu te explico.

BRASIL: 1958 e 1962
 (o time de 1958. Em pé: Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar; Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo. Foto: retirada da internet)

Antes de falarmos da seleção bicampeã em 1958/1962, precisamos voltar um pouco no tempo: a seleção brasileira havia perdido um título em casa, considerado certo, contra o Uruguai, no chamado "Maracanazzo", diante de 200 mil incrédulos torcedores. Deste elenco, apenas Castilho e Nilton Santos seriam campeões em 1958 e 1962, porém, somente o lateral seria titular. Castilho fora titular em 1954, perdendo a vaga em 1958 e 1962 para Gilmar dos Santos Neves, considerado o maior goleiro brasileiro de todos os tempos.

O uniforme foi trocado. O branco, considerado "azarado", dava lugar ao amarelo. Porém, em 1954, na Suíça, essa troca parece não ter sido o suficiente: o Brasil pegou nas Quartas-de-final a poderosa seleção da Hungria, de Puskas, Czibor e Kocsis. Vitória dos "mágicos magiares" por 4 a 2 e nova eliminação. Era um consenso de que o time do Brasil sofria do chamado "complexo de vira-latas" e algo deveria ser feito. 

O esquema tático, foi inspirado na Hungria que havia assombrado o mundo 4 anos antes: com 4 atacantes, Garrincha jogava pela ponta direita, Zagallo pela esquerda; Vavá era o homem que voltava para abrir espaços para Pelé. Mas isso foi a partir da terceira rodada da fase de grupos, que contaremos um pouco mais abaixo.
  
A classificação para a Copa da Suécia não foi fácil: em duas partidas contra o Peru, empate em 1 a 1, em Lima e no Maracanã, vitória por 1 a 0, com gol de falta de Didi. 
Importante lembrar que Pelé ainda não havia sido convocado, o que aconteceria logo depois, porém, o jovem atleta tinha uma lesão, que colocou em dúvida a sua convocação. Assim mesmo, ele foi à Suécia. 

 (Os capitães de Brasil e Peru antes da partida que valia vaga para a Copa da Suécia. Foto: retirada da internet)

Porém, a dupla mortal com Garrincha só se deu na última rodada da fase de grupos na Copa de 1958. O Brasil havia vencido a Áustria por 3 a 0 e empatado com a Inglaterra naquele que havia sido o primeiro 0 a 0 das copas. Uma derrota para a União Soviética e uma vitória da Inglaterra poderia eliminar a seleção. Então, os jogadores se reuniram com o técnico Vicente Feola e pediram a entrada de Pelé e Garrincha na equipe. O pedido deu resultado, a dupla entrou nos lugares de Dida e Joel, Mazzola também daria lugar para Zito e o Brasil fez 2 a 0 nos soviéticos,  arrancando para o primeiro título, batendo País de Gales com aquele gol antológico de Pelé, a França de Fontaine nas semifinais (Pelé voltou a brilhar anotando um hat-trick, o primeiro e único dele em Copas) e as donas da casa na final, a Suécia, começando perdendo a partida por 1 a 0 e virando para 5 a 2.

 (Pelé e Garrincha na final contra a equipe da Suécia, em 1958. Foto: UOL Esporte)

Cabe ressaltar que o Brasil seria a primeira seleção a vencer uma Copa fora de seu continente, fator que só seria igualado pela a Espanha em 2010 (na África do Sul) e a Alemanha em 2014 (no Brasil). 

O surgimento da dupla de ataque mais sensacional da história do futebol mundial fez o Brasil se livrar do estigma de cachorro vira-latas e a "seleção canarinho" era o time a ser batido. 

Vem a Copa de 1962, a base mantida, 14 jogadores que estiveram em 1958 jogariam no Chile, são eles: Pelé, Bellini, Castilho, Didi, Djalma Santos, Garrincha, Gilmar, Mauro, Nilton Santos, Pepe, Zagallo, Vavá, Zito e Zózimo. Mazzola havia se naturalizado italiano e não passaria da primeira fase com a azurra. O treinador agora era Aymoré Moreira, o capitão agora era Mauro e o bi foi conquistado  no Chile. Mas não foi fácil. 

 (Mauro, o capitão do bi. Foto: O Globo)

Após a estreia com vitória sobre o México por 2 a 0 e empate sem gols com a Tchecoslováquia, a seleção perderia Pelé para o resto da Copa. E o drama só começava. 

A terceira partida diante da Espanha de Puskas, agora naturalizado. O Brasil corria o risco de eliminação em caso de derrota e vitória da Tchecoslováquia. A Espanha foi muito prejudicada com um pênalti não anotado pela arbitragem (no famoso lance em que Nilton Santos cometeu a infração e deu dois passos para fora da área, ludibriando o árbitro, que marcou falta fora da área), além de um gol mal anulado de Puskas. Mesmo que o Brasil perdesse, se classificaria, pois o México bateu a Tchecoslováquia. 

Para o lugar de Pelé, entrou Amarildo, que não tinha nada a ver com os erros de arbitragem e fez os dois gols que garantiram a passagem para as Quartas-de-final. 

 (Amarildo. Jovem atacante do Botafogo segurou a onda de ser o substituto de Pelé. Foto: Folhapress)

E foi a partir desta fase que o time engrenou: vitórias convincentes sobre a Inglaterra (3 a 1) e sobre os donos da casa, a seleção chilena e o reencontro com a seleção tcheca na final, com quem o Brasil não havia saído do 0 na fase de grupos: vitória de virada por 3 a 1, com Amarildo deixando o dele, Zito e Vavá completando o placar e Garrincha, que passou por um caso pitoresco: expulso na semifinal diante do Chile, ele foi absolvido e pôde entrar em campo (naquele tempo não havia a suspensão automática) e o "anjo das pernas tortas" entrou em campo, porém, com febre e ajudou no segundo título.

Então o Brasil se juntava à Itália (1930/1934) como as únicas seleções bicampeãs seguidas. E ainda tinha o Uruguai, com os títulos de 1930 e 1950, que pleiteavam a Jules Rimet de forma definitiva. E em 1970, as três seleções chegariam às semifinais, juntamente com a Alemanha, a "intrusa" com apenas uma conquista. O que aconteceu todos já sabemos e isso vai render história para um outro post futuro.

O Brasil teve nesta época a maior sequência de invencibilidade: se contarmos a primeira partida em 1966, quando o time estreou com vitória diante da Bulgária, foram 13 jogos sem perder, desde a última derrota, que havia sido para a Hungria, em 1954, na "Batalha de Berna", um recorde absoluto entre todas as seleções. Foram 12 anos sem perder uma partida, um feito e tanto. Entre 2002 e 2006, a mesma seleção brasileira chegou perto deste recorde: foram 11 jogos sem perder, mas aqui o Brasil venceu todas as 11. Entre 1958 e 1966, o Brasil empatou duas vezes.

A base da seleção de 1958 atuou em 1962 e em 1966, Vicente Feola, que voltaria ao comando da seleção, levou grande parte dos jogadores campeões 8 anos antes, no que foi duramente criticado, já que alguns jogadores eram considerados velhos. Além de a preparação ter sido bastante confusa, com o técnico tendo convocado nada menos que 33 jogadores, só definindo os 22 que iriam para a Inglaterra muito perto da disputa da Copa. A equipe venceria apenas a partida da estreia, perdendo para Portugal e Hungria, sendo precocemente eliminada na primeira fase.

Desde então, jamais a seleção brasileira foi eliminada na primeira fase.

Destas 13 partidas que  o Brasil ficou sem perder, podemos incluir 7 em que Pelé e Garrincha atuaram juntos: Nunca a seleção perdeu quando os dois estiveram em campo.

Deixaremos abaixo todas as partidas da seleção entre 1958 e 1962, quando a seleção encantou o mundo entrando para o seleto clube dos bicampeões de fato: 

1958:

08/06/1958 - Brasil 3x0 Áustria (Gols: Mazzola 38 e 89 e Nilton Santos 49)
11/06/1958 - Brasil 0x0 Inglaterra
15/06/1958 - Brasil 2x0 URSS (Gols: Vavá 3 e 77)
19/06/1958 - Brasil 1x0 País de Gales (Gol: Pelé 66)
24/06/1958 - Brasil 5x2 França (Gols: Vavá 2, Didi 39 e Pelé 52, 64 e 75)
29/06/1958 - Brasil 5x2 Suécia (Gols: Vavá 9 e 32, Pelé 55 e 90 e Zagallo 68)

(Todos os gols do Brasil em 1958, você pode ver aqui)

1962:

30/05/1962 - Brasil 2x0 México (Gols: Zagallo 56 e Pelé 73)
02/06/1962 - Brasil 0x0 Tchecoslováquia
06/06/1962 - Brasil 2x1 Espanha (Gols: Amarildo 72 e 86)
10/06/1962 - Brasil 3x1 Inglaterra (Gols: Garrincha 31 e 59 e Vavá 53)
13/06/1962 - Brasil 4x2 Chile (Gols: Garrincha 9 e 32 e Vavá 47 e 78)
17/06/1962 - Brasil 3x1 Tchecoslováquia (Gols: Amarildo 17, Zito 69 e Vavá 78) 

(Os gols do Brasil em 1962)

Jogos: 12
Vitórias: 10
Empates: 2
Derrotas: 0
Gols marcados:30
Gols sofridos: 9
Artilheiro no período: Pelé - 7 gols 

Pessoal, vamos ficando por aqui, agradeço mais uma vez a sua visita e a leitura, espero que possa ter sido interessante e enriquecedora. Voltaremos na próxima terça-feira com outra história das Copas. Até a próxima!

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