Lendas das Copas : Episódio V - Zico

Salve salve galera que nos acompanha aqui no Blog, sejam mais uma vez bem-vindos. Estamos aqui trazendo a nossa quinta lenda das Copas do Mundo. Venha comigo, no caminho eu te explico:


ZICO

Arthur Antunes Coimbra, mais conhecido como Zico, ou o "Galinho de Quintino" (uma referência ao bairro da zona norte da cidade do Rio de Janeiro onde ele passou toda a sua infância), nascido em 03/03/1952 é o maior ídolo do Flamengo (único clube que ele defendeu no Brasil) e aclamado por muitos como o terceiro maior jogador da história do Brasil, atrás apenas de Pelé e Garrincha.

Jogou pela seleção entre os anos de 1976 e 1986, disputando neste período três Copas do Mundo, tendo a melhor colocação um terceiro lugar na primeira Copa. Ainda em 1978, foi protagonista de um lance bizarro: ele marcou de cabeça o gol que daria a vitória por 2 a 1 sobre a Suécia, na estreia da seleção naquela Copa, porém, o árbitro galês Clive Thomas não validou o gol, que originou-se de uma cobrança de escanteio, ele apitou o final da partida com a bola ainda na área sueca, antes mesmo de esperar no que a jogada iria resultar.


Aqui podemos ver o gol mal anulado de Zico contra a Suécia, em 1978

Ainda na mesma Copa, Zico sofreu uma contusão séria em lance disputado com o polonês Boniek, na partida vencida pelo Brasil por 3 a 1. Zico acabou ficando de fora da decisão de 3º e 4º lugar em que o Brasil venceu a Itália pelo placar de 2 a 1.


Zico na Copa de 1978. Foto: UOL

Em 1982, com um time muito superior ao da Copa anterior, a seleção apontada por todos como a favorita a vencer aquela edição, muito por conta de uma turnê muito bem-sucedida realizada pela Europa meses antes, que incluiu vitórias sobre a Alemanha e Inglaterra (seria a primeira seleção não-europeia a bater o English Team em Wembley), o time acabou sucumbindo para a Itália, que seria campeã. Zico brilhou, marcando 4 gols naquela edição, um deles considerado como um dos gols mais bonitos de todos os tempos, de voleio, contra a Nova Zelândia. Na partida contra a Itália, o Brasil jogava pelo empate, porém, Zico foi bem marcado por Gentile, pouco fazendo naquela partida: deu um passe para o gol de Sócrates e sofreu um pênalti, não marcado pelo árbitro israelense Abraham Klein, que ignorou o fato de seu marcador ter-lhe rasgado a camisa.


Zico reclamando com o árbitro do pênalti sofrido e não marcado. A sorte poderia ter sido outra em 1982. Foto: lance.com.br

Antes de jogar a sua terceira e decisiva Copa, em 1985 Zico sofrera uma grave lesão, sofrida por uma entrada imprudente do ex-zagueiro Marcio Nunes. Entrada desnecessária e que quase abreviou a carreira do Galinho, que acabou se recuperando, marcando um golaço em amistoso contra a Iugoslávia, no Morumbi, onde ele driblou toda a zaga e entrou com bola e tudo. Estava Zico se convocando para a Copa do México em 1986.

Porém, como sua condição física não era a ideal, ele não fora titular durante a campanha no México. Das cinco partidas que o Brasil disputou, ele entrou diante da Irlanda do Norte, pela terceira rodada da fase de grupos e com o time já classificado, atuou contra a Polônia pelas oitavas-de-final e além de ter entrado no decorrer da partida contra a França.

E nesta partida, um castigo dos deuses do futebol para com o nosso homenageado de hoje: Zico entrou na partida com o placar de 1 a 1, quando lançou o lateral Branco, que foi derrubado na área pelo goleiro Bats. Zico ainda frio, pegou a bola e se encaminhou para a cobrança e desperdiçou. A partida seguiu empatada até o final dos 120 minutos. Zico fez seu gol na disputa de pênaltis, porém, Sócrates e Júlio César acabaram desperdiçando suas cobranças e o Brasil era novamente eliminado antes das semifinais.


Zico parando no goleiro Bats, em 1986. Foto: trivela.uol.com.br

Zico ainda foi persuadido pelo técnico Sebastião Lazzaroni para disputar a Copa de 1990, na Itália, porém, já com 38 anos, com seu joelho que nunca mais seria o mesmo após a desleal entrada do zagueiro banguense e já tendo se despedido do futebol (ele voltaria a jogar em 1991 no Japão, ajudando a desenvolver o futebol pela terra do sol nascente), ele acabou recusando. E como fez falta, pois com menos uma perna, ele jogaria fácil no lugar de Valdo ou Silas, naquele que certamente foi um dos piores times do Brasil em toda a história.

Após se despedir dos campos pela segunda e derradeira vez, em 1994, ele voltou à seleção em 1998, desta feita como coordenador técnico, onde foi vice-campeão, perdendo para a França na final por impiedosos 0 a 3.

Tornou-se treinador e disputou mais duas Copas do Mundo, desta feita pela seleção do Japão. Em 2002, ele levou a equipe nipônica à histórica classificação às Oitavas-de-Final. Era a segunda Copa que o Japão disputava e o time jogando em casa, conseguiu a classificação, sendo eliminada para a seleção da Turquia, após perder por 0 a 1, terminando em 9º, a melhor colocação da seleção em sua história em Copas, posição que o Japão repetiria em 2010, mas já sem Zico no comando (as campanhas foram idênticas, porém, no comparativo a equipe comandada por Zico teve melhor desempenho e venceria no número de gols pró - foram 5 marcados em 2002 contra 4 marcados em 2010).

Em 2006, seguia como comandante da seleção japonesa, porém, a equipe caiu em um grupo forte que tinha o atual campeão Brasil, a Croácia e a Austrália. O Japão não teve chances, ficando em último, porém, a Austrália acabou sendo a surpresa e se classificou em segundo lugar naquela chave.

Nesta edição, Zico igualou-se a Otto Glória (Portugal, 1966) e Didi (Peru, 1970) como os únicos técnicos brasileiros a enfrentarem a seleção Brasileira. Somente o primeiro venceu.

Zico tem uma marca igual à dupla Pelé e Garrincha. Os três sofreram apenas uma derrota enquanto estiveram em campo pelo Brasil. Pelé e Garrincha perderam em jogos diferentes em 1966, onde cada um atuou em uma partida e Zico tem apenas a derrota na chamada Tragédia de Sarriá, em 1982.

Vamos ao histórico de Zico como jogador e treinador em Copas do Mundo:

1978 (3º lugar);

03/06/1978 - Brasil 1x1 Suécia: Zico atuou os 90 minutos
07/06/1978 - Brasil 0x0 Espanha; Zicou atuou 83 minutos, até ser substituído
11/06/1978 - Brasil 1x0 Áustria: Zico começou no banco, entrando aos 84 minutos
14/06/1978 - Brasil 3x0 Peru: Zicou começou no banco, entrou aos 70 e marcou de pênalti aos 73
18/06/1978 - Brasil 0x0 Argentina: Zico começou no banco, entrou aos 67 minutos e levou cartão amarelo
21/06/1978 - Brasil 3x1 Polônia; Zico atuou apenas os 7 primeiros minutos até ser substituído por contusão
Em 24/06/1978, contundido, não jogou a decisão de 3º e 4º lugares, quando o Brasil derrotou a Itália por 2 a 1

1982 (5º lugar):

14/06/1982 - Brasil 2x1 URSS: Zico atuou os 90 minutos
18/06/1982 - Brasil 4x1 Escócia: Zico atuou os 90 minutos, marcando aos 33
23/06/1982 - Brasil 4x0 Nova Zelândia: Zico atuou os 90 minutos, marcando aos 28 e aos 31
02/07/1982 - Brasil 3x1 Argentina: Zico atuou por 83 minutos até ser substituído e marcou aos 11
05/07/1982 - Brasil 2x3 Itália: Zico atuou os 90 minutos

1986 (5º lugar):

Em 01/06/1986 e 06/06/1986, Zico não atuou nas partidas em que o Brasil venceu a Espanha e Argélia, respectivamente, ambas com vitórias brasileiras por 1 a 0
12/06/1986 - Brasil 3x0 Irlanda do Norte: Zico começou no banco, entrando aos 68 minutos
16/06/1986 - Brasil 4x0 Polônia: Zico começou no banco e entrou aos 69 minutos
21/06/1986 - Brasil 1x1 França (3 a 4 nos pênaltis): Zico começou no banco, entrou aos 71 minutos, perdeu pênalti no tempo normal e converteu o seu no desempate nos pênaltis

1998 - Como coordenador técnico (Vice-campeão)

10/06/1998 - Brasil 2x1 Marrocos
16/06/1998 - Brasil 3x0 Marrocos
23/06/1998 - Brasil 1x2 Noruega
27/06/1998 - Brasil 4x1 Chile
03/07/1998 - Brasil 3x2 Dinamarca
0707/1998 -  Brasil 1x1 Holanda (4 a 2 nos pênaltis)
12/07/1998 - Brasil 0x3 França

2002 - Já como treinador (9º lugar):

04/06/2002 - Japão 2x2 Bélgica
09/06/2002 - Japão 1x0 Rússia
14/06/2002 - Japão 1x0 Tunísia
18/06/2002 - Japão 0x1 Turquia

2006 (29º lugar):

12/06/2006 - Japão 1x2 Austrália
18/06/2006 - Japão 0x0 Croácia
22/06/2006 - Japão 1x4 Brasil

Total como jogador:

Jogos - 14
Vitórias - 9
Derrotas - 1
Empates - 4
Gols marcados - 5
Cartões amarelos - 1
Cartões vermelhos - 0

Como coordenador:

Jogos - 7
Vitórias - 4
Derrotas - 2
Empates - 1

Como treinador:

Jogos - 7
Vitórias - 2
Derrotas - 3
Empates - 2

Total como jogador, coordenador e treinador:

Jogos - 28
Vitórias - 15
Derrotas - 6
Empates - 7

Dono de técnica com a bola invejável, Zico deu inúmeras alegrias à torcida rubro-negra, com seus gols, normalmente bonitos e alguns de falta, sendo considerado um dos melhores batedores de falta da história. Pelo Brasil, jogou apenas pelo Flamengo, entre 1971 e 1984, voltando em 1986, onde encerrou a carreira em 1989. Se não ganhou títulos importantes pela seleção, ele fez o Flamengo se tornar uma grande potência. Certa vez, ele deu uma declaração bem modesta:


"Meu negócio não é fazer graça e sim fazer gol".
E aqui você confere todos os cinco gols de Zico em Copas

O blogueiro aqui aproveita para contar uma história emocionante que inclui o homenageado de hoje: em 2016, Zico treinava a equipe do GOA (Índia) e a equipe se hospedou no hotel em que eu trabalhava como barman. Eu estava constantemente em contato com alguns dos jogadores daquele elenco, como o atacante Reinaldo e o zagueiro Lúcio (campeão da Copa de 2002), porém, meu alvo era poder trocar algumas palavras e tirar uma foto com o Galinho. E aproveitei a única chance que tive ao abordá-lo quando ele passou pela recepção (eu tinha ao meu favor o fato de o bar ser localizado no lobby) e pude além de tirar uma foto com o ídolo, agradecê-lo por ter sido ele o responsável por me tornar rubro-negro (para desespero do meu pai que era vascaíno, mas eu não tinha como não torcer por um time que ganhou tudo que disputou na década de 80) e relembrei o time de 1987 (não tenho idade para dizer que vi o time de 1981 ganhar do Liverpool na decisão do Mundial de clubes), que foi o melhor de todos os times que vi jogar, time que guardo a escalação na cabeça até os dias atuais e só para não perder o foco do blog que é a Copa do Mundo, este time do Flamengo acabou sendo a base da seleção que fora campeã 7 anos depois, nos EUA (Jorginho, Aldair, Leonardo, Zinho, Bebeto); Sem dúvida foi uma emoção muito grande em poder conhecer e trocar umas palavras com o cara que me fez gostar de futebol. E se hoje estou aqui escrevendo este blog, ele tem responsabilidade indireta por isso.


O blogueiro que vos escreve e a fera, em momento inesquecível. Foto: arquivo pessoal

Zico, assim como Cruyff, Puskas, Baggio, Platini, Stoichkov, Hagi, entre outros nunca tiveram a oportunidade de serem campeões de uma Copa. Certa vez, o jornalista Armando Nogueira deu uma declaração sobre o fato de Zico não ter levantado a Taça Copa do Mundo:


"Zico não ganhou a Copa? Azar o da Copa".

De fato, os deuses do futebol poderiam ter sido bem mais generoso com este gênio da bola, onde ele quase chegou lá em 1978, porém, vítima de um esquema da ditadura argentina que fez com que a equipe da casa ganhasse a Copa do Mundo no grito. Em 1982, mesmo fazendo parte de um verdadeiro esquadrão, acabou sucumbindo para uma Itália que cresceu na hora certa e se fez justiça ao ser campeã, pois havia eliminado a melhor equipe daquela Copa. E em 1986, o time já não era tão talentoso, tinha o nosso galo se recuperando e uma França que só perdeu para o Brasil em Copas em 1958.

E assim termina a história do nosso homenageado de hoje, que participou de 6 edições de Copas, entre 1978 e 2006. Agradeço a sua visita, a leitura e espero que tenham gostado. Voltaremos na próxima sexta-feira com mais um homenageado. Até lá!

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